É junho e ainda não se sabe ao certo quando a volta das corridas de rua acontecerá. Se você é fotógrafo ou atleta, é impossível não ficar ansioso por este momento, não é verdade? Por isso, na última quarta-feira, o Fotop reuniu alguns especialistas do mundo dos esportes, que conversaram sobre o que futuro reserva para seus eventos.
Entre organizadores e nomes do mercado de fotografia, estavam em nossa live Daniel Krutman, CEO do TicketAgora, Bernardo Fonseca, CEO da x3M, Lucas Fonda, diretor do Iron Biker, Tuca Trauczynski, diretor da Global Vita Sports e André Chaco, CEO do Fotop.
Daniel começou trazendo alguns dados que ajudam a entender o momento que o mercado vive: no site do Ticket Agora, foram 439 eventos cancelados ou adiados. Mas a quarentena está fazendo crescer o desejo de estar na rua: as pessoas estão comprando cada vez mais bicicletas. Para mediar a conversa sobre estes dois lados, Marcelo Asty, do Fotop, levantou algumas perguntas.
Na opinião de cada um, teremos provas presenciais em 2020?
“Que bom que você falou em opinião”, respondeu Daniel. “Eu arrisco dizer que sim. Mas acho que vai ser diferente. Não será o formato de milhares de pessoas com que estávamos acostumados. Talvez tenhamos eventos menores.”
Ele acredita que 2020 será um ano para se experimentar: a volta será como um recomeço. “E aí a gente vai ter que ir apalpando o próximo passo no escuro”, disse. Seu palpite otimista é que em setembro os eventos estejam recomeçando de forma tímida no país, para um público de 300, 500 ou até 1000 atletas.
Tuca vai por um caminho mais cauteloso. Ele acredita que os eventos ainda não voltarão esse ano, apesar de considerar a possibilidade, mas somente no final de outubro ou em novembro. “São muitos os órgãos responsáveis pela liberação neste momento: órgãos federais, estaduais, municipais e até a própria Organização Mundial de Saúde”. Por isso, os eventos podem demorar um pouco mais a acontecer.
Mas ele enxerga um esforço coletivo no sentido de viabilizá-los, o que considera bastante positivo. Ele se refere a colaboração feita entre diferentes organizadores de eventos, que levou a criação de protocolos de higiene e segurança para quando as provas voltarem.
Sua opinião é a mesma de André. Além disso, o CEO do Fotop também acredita que algumas experiências menores podem acontecer já em agosto, em locais menos atingidos. E relembra: “temos um termômetro ótimo, a Europa está abrindo algumas provas. Vamos ter uma vantagem de olhar com seis, oito semanas de antecedência o que está acontecendo em outros mercados”.
Ao se planejarem, que organizadores são referência para vocês e o que estão aprendendo com eles?
“O que a gente gosta muito de fazer é observar empresas do mercado esportivo gringo”, disse Daniel. “O que acontece no mercado americano, por exemplo, acontece dois anos depois aqui.”
Bernardo fala também da importância de olhar para a transformação do mercado como um todo. E é o que pensa Lucas. “Acredito que muita coisa vai mudar, nessa movimentação do mundo”, disse o diretor do Iron Biker. A mudança estará principalmente no comportamento, em relação a querer estar do lado de fora, a querer sair de casa. “Muita gente que estava em quarentena vai querer pedalar. Quem ainda não comprou um equipamento, está querendo comprar”, falou Lucas.
Como vai ser o nosso mercado no futuro, com base em como ele está hoje?
“O espírito é sobrevivência”, disse Bernardo. “Para isso, a x3M está buscando novas receitas, novos jeitos de fazer negócio e investindo no virtual.” Neste sentido, o CEO da empresa falou da substituição das provas reais pelas virtuais. Ele acredita que nessa substituição, um elemento importante pode se perder: a noção de comunidade.
Daniel concorda: “Esse movimento não vai alavancar se simplesmente tirarmos uma competição do real e a lançarmos no virtual. Não é suficiente enviar um kit sem a experiência completa”, disse o CEO do Ticket Agora. Mas ele também cita experiências positivas de provas online. “O Ironman é um exemplo muito válido. Ele está criando uma espécie de rede social gamificada para fazer as provas digitais. E a conrads colocou mais de 30 mil pessoas do mundo todo para correrem num evento virtual”, disse.
Mesmo com o aumento das provas virtuais, Lucas acrescenta que esses produtos não devem ser pensados como substitutivos, mas como complementares. “Uma prova virtual nunca vai substituir uma prova física”, disse. O que acontece é que tem se tornado cada vez mais difícil não relacionar o real com o virtual para criar uma experiência.
Sobre o futuro, Lucas acredita ainda num aumento do desejo das pessoas de fazerem parte de eventos esportivos. “Apesar do momento, você vê lojistas de bikes, por exemplo, vendendo cada vez mais”. E quando isso acontecer, o papel dos fotógrafos será cada vez mais importante, para registrar estes momentos tão especiais para cada um.
Se você quer ter acesso ao conteúdo completo da conversa sobre o mercado esportivo, é só clicar aqui para assistir a live salva no Youtube!
Por Mariah Lollato